A 1ª Promotoria do Ministério Público do Paraná (MPPR) iniciou, durante a última semana, quatro procedimentos de investigação para apurar ilegalidades cometidas no Centro Médico Municipal e no SAMU de Campo Largo. Denúncias recaem sobre o atual coordenador administrativo do Centro Médico Municipal, em cargo comissionado pela Prefeitura, Giovani Marcon. Ele estaria interferindo diretamente em decisões técnicas no SAMU, órgão de atendimento a emergências regido pelo Governo Federal, sem possuir qualquer registro técnico de enfermeiro ou médico.
Há fotos e vídeos de Marcon utilizando o uniforme e o veículo do SAMU, sem nunca ter oficialmente trabalhado lá. Um inquérito civil do MPPR também investiga o fato de um dos médicos da unidade trabalhar em dois lugares ao mesmo tempo, sendo duplamente remunerado, com anuência de Marcon.
O Conselho de Saúde de Campo Largo também investiga denúncias de emissão de atestados falsos, perseguição política a funcionários e agendamento de atendimentos sem controle da regulação do próprio SAMU. O promotor que investiga o caso pelo MPPR, Hugo Evo Magro Correa Urbano, e o prefeito de Campo Largo, Affonso Portugal Guimarães (PSD), reúnem-se hoje, às 9h30, para falar sobre o caso.
Na última quinta-feira (15), o presidente do Conselho de Saúde de Campo Largo, Nelson Silva de Souza, foi proibido de entrar no Centro Médico Municipal e foi detido pelo segurança da unidade, orientado por Giovani Marcon. O fato se deu após denúncias chegarem ao Conselho de Saúde, de que a coordenadora de enfermagem do Centro Médico e do SAMU, Daniele Sequinel e o conselheiro de saúde, Pablo Henrique Bocheniki, haviam sido destituídos de suas funções, sem qualquer documento legal e estavam sendo impedidos de pegar seus pertences pessoais. A guarda municipal e o MP foram chamados e atenderam a ocorrência no local. Os computadores do local foram levados à Secretaria Municipal de Saúde para realização de perícia e os pertences pessoais resgatados.
A última atividade de Sequinel no SAMU foi a publicação das escalas de janeiro, que foram alteradas e assinadas por Giovani Marcon, às 23h50 do dia 31 de dezembro de 2015. Na nova escala, Sequinel já não constava. “Não recebi qualquer tipo de aviso. Isso é um absurdo. O Centro Médico e o SAMU são órgãos totalmente diferentes. O coordenador administrativo de um órgão municipal não pode interferir na área médica de um órgão federal”, explica a enfermeira, que coordena a urgência e emergência do SAMU desde 2009.
O Conselho de Saúde de Campo Largo, nessa quinta-feira, enviou ofício à Prefeitura solicitando o afastamento de Giovani Marcon de suas funções no SAMU e a entrega dos uniformes da instituição até que as investigações terminem. Enquanto as investigações seguem, o MPPR solicitou à Prefeitura de Campo Largo a instalação de ponto eletrônico para evitar a duplicidade de horários e à Secretaria de Saúde do Município que atualize o Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES), onde ficam registrados os horários trabalhados de cada funcionário da área da saúde e está desatualizado desde 2013.
fonte bem paraná