Professora e aposentado se perderam a caminho de uma cachoeira na tarde de terça-feira, mas conseguiram voltar para casa na manhã seguinte. A mulher disse comunicou ao Corpo de Bombeiros que já estava bem, mas porta-voz nega que a corporação tenha sido avisada

Uma série de desencontros e falhas de comunicação levou o Corpo de Bombeiros a procurar por mais de um dia – com uso de aeronaves – um casal que pediu socorro, pois ficou perdido na Serra do Cipó. Porém, enquanto helicópteros faziam as buscas, a professora Cátia Caldeira Soares, de 48 anos, e o aposentado Arnoldo Boson Santos, de 56, já estavam em casa.
Os dois se perderam na terça-feira, ligaram para a polícia, que avisou os bombeiros. Cátia e Arnoldo passaram a noite em uma barraca improvisada e, quando amanheceu, na quarta-feira, conseguiram chegar à casa de Arnoldo, em uma região isolada na Serra do Cipó. Mas o comunicado de que estavam bem não chegou até os bombeiros, que continuavam mobilizados, e à família, que passou a noite preocupada.

Cátia explicou que quando já estavam em segurança em casa viram um helicóptero sobrevoando a região e decidiram ir até o centro do distrito de Cardeal Mota para comunicar que estavam bem, já que não há sinal de celular na região da casa. Cátia usou um orelhão para ligar para o Corpo de Bombeiros e foi atendida por um militar do Pelotão de Vespasiano, que disse que poderia avisar aos demais.

Mesmo assim, à tarde, o helicóptero voltou a sobrevoar a área. Cátia chegou a comprar um chip de uma operadora que atende o município, mas o aparelho continuou sem sinal. O casal decidiu seguir os planos e permanecer em casa até quinta-feira, para descansar, pensando que os militares de Vespasiano já teriam informado aos familiares sobre a localização deles.
No entanto, às 22h, o casal chegou a Belo Horizonte e foi para a casa da filha, surpreendida pela presença da mãe e do padrasto, pois até então não sabia que eles estavam em segurança. Foi quando Cátia e Arnoldo tiveram acesso à internet e descobriram que o desaparecimento já havia repercutido nas redes sociais e era acompanhado pela imprensa.

O capitão Tiago Miranda, responsável pela comunicação do Corpo de Bombeiros, afirma que os bombeiros não foram avisados pelo casal que já estava em segurança. “Passamos para a Polícia Civil investigar o que houve”, afirma Miranda. O oficial destaca que as pessoas devem sempre acionar a corporação, mas precisam ter o compromisso de avisar quando estão bem. 
“Levamos aeronave e isso gasta dinheiro. Hoje (ontem) tínhamos uma operação toda montada”, detalha o capitão. O gasto total na operação, calculado pelo capitão, varia de R$ 30 mil a R$ 40 mil. “Uma operação de resgate é cara e temos que gastar esses recursos com algo real. Quando a pessoa retorna para casa tem que ter o compromisso de avisar as autoridades”, reforça Miranda. 

Aventura em área isolada
 

A casa onde o casal estava na Serra do Cipó pertence a Arnoldo e está localizada em uma área isolada. Cátia conta que eles são acostumados a ficar no local e fazer trilha, pois Arnoldo conhece a região há 20 anos. Os dois saíram de casa às 8h30 de terça-feira em direção à Cachoeira Braúnas, uma trilha de 20 quilômetros. Como não pretendiam acampar e o tempo estava aberto, levaram alimentos leves, como frutas e granola, e trajes apropriados para um passeio de algumas horas.

Por volta das 15h, o tempo mudou repentinamente. “Como fechou o tempo geral e tampou tudo, ele só olhou, e eu perguntei para que lado ele estava indo e ele respondeu que não sabia de que lado estava.Tinha uma cachoeira perigosa e eu falei que não sairia mais dali’”, explica a professora.    

O tenente do terceiro batalhão do Corpo de Bombeiros, Ranier Costa, aconselha as pessoas a nunca saírem sozinhas para fazer uma trilha. “Devem sair sempre em grupo, com alguém que conheça o local para ser um tipo de guia”, explica Costa, que é praticante de trekking. O bombeiro recomenda ainda usar calça comprida e bota, pois o calçado dá mais firmeza e pode evitar torções motivadas pelo piso irregular. Sobre comida a regra, segundo ele, é levar sempre a mais, que dê para alimentar outra pessoa e também para servir de reserva caso aconteça algo não esperado.
fonte em.com.br