Animal mordeu a prancha e não feriu o surfista, que não deve voltar ao mar.
Corpo de Bombeiros disse que foi primeiro ataque deste tipo na região.

 
Prancha de professor é atacada por tubarão, em Guriri, São Mateus, Espírito Santo (Foto: Antônio Zancanela/ Arquivo pessoal)Prancha de professor é atacada por tubarão, em Guriri (Foto: Divulgação/ Corpo de Bombeiros)














O professor Antônio Zancanela do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) de São Mateus foi atacado, segundo o Corpo de Bombeiros, por um tubarão. Ele surfava na praia de Guriri, Litoral do município, na manhã desta quinta-feira (7). O ataque aconteceu por volta das 9h30. “Não teria outro tipo de animal para atacar desta forma”, diz bombeiro que atendeu a ocorrência.
O animal mordeu a prancha e não feriu o professor Antônio, de 25 anos. "Na hora, senti um puxão para baixo e não maldei, mas me assustei quando olhei a prancha e vi a mordida. Moro em São Mateus desde pequeno e nunca presenciei isso". Ele ainda disse que não vai voltar ao mar nos próximos dias e recomenda os surfistas façam o mesmo. "É uma pena. Apesar de muita onda, não devo entrar no mar", comentou o professor.
De acordo com o sargento Santos, que é do Corpo de Bombeiros de São Mateus, este foi o primeiro ataque de tubarão registrado na praia de Guriri.

 Corpo de Bombeiros afirma que não há outro animal na região que possa fazer tal estrago na prancha. “Dependendo do tipo de cação, ele ataca, sim! Não sabemos qual foi o tipo, mas não deve ser um filhote. Não imaginamos qual é o outro animal que daria uma mordida dessa senão um tipo de tubarão. Já encontramos vários cações grandes nesta região, mas nenhum havia atacado.”, comentou Santos.
“O tubarão não foi visto, mas, supomos que foi um grande cação (nome comercial do tubarão), pela marca da mordida e pela força que atingiu a vítima. É corriqueiro pescadores pegarem este tipo de animal na região, e muitos com mais de 1,5 metro. Com toda a mudança climática e com a lama em Pontal, pode ser que este bicho tenha se desviado da rota normal e se aproximado mais da costa”, disse.
Balneário
A região de Guriri é conhecida por ter boas ondas paras os surfistas e a recomendação do Corpo de Bombeiros é de que as pessoas fiquem atentas e não vão para a arrebentação. Mas, segundo o sargento Santos, não existe nenhuma proibição.
Ele disse que a preocupação maior ainda é com afogamentos. Do Natal até esta quinta-feira, foram 125 resgates na praia de Guriri, sendo a maioria por afogamento e casos de crianças perdidas.

Lama
O IBAMA foi procurado pela imprensa e informou que o ataque não tem a ver com a lama, e é um fenômeno natural.

Ciclone
O ciclone subtropical que atua no Norte do Espírito Santo e no Sul da Bahia pode ter provocado contribuído para o ataque.
Segundo o professor de Oceanografia da Ufes, Agnaldo Martins, em entrevista ao jornal A Gazeta, o fenômeno raro deixa as águas marinhas mais turvas. Com a visibilidade prejudicada, as espécies de tubarões têm mais dificuldade para identificar as presas, que geralmente são outros animais marinhos.
"Nos dois últimos dias, o ciclone gerou crescimento de potência das ondas, o que aumenta a turbidez da água. A agitação suspende material do fundo, a água fica mais turva e o tubarão não consegue identificar direito o que é presa e o que não é", relata o professor.
De acordo com o especialista, ataques de tubarão são incomuns. A presença das espécies, entretanto, é considerada normal em todo o litoral brasileiro, inclusive no Espírito Santo.
"A gente não ouve muito falar porque ataque de tubarão é muito raro no Brasil e no mundo inteiro. No mundo todo, acontecem cerca de 10 casos fatais por ano".
Biólogo
O biólogo e consultor ambiental Elber Tesch explicou ao jornal A Gazeta que as espécies mais habituais na região Norte do Estado são o tubarão-cabeça-chata e o tubarão-tigre. O tubarão cabeça-chata pode chegar a 3,5 metros de comprimento e o tubarão-tigre a 6 metros.

"São espécies que são encontradas com mais frequência no Estado. São grandes, carnívoras e agressivas, embora o ataque a seres humanos não seja tão normal. O tubarão-tigre, por exemplo, come de tudo. Até plástico", comenta Elber.

Para o biólogo, um dos fatores que pode causar a agressividade do animal é a própria prancha do surfista. "O tubarão confunde a prancha com o casco de uma tartaruga, uma das presas dessas espécies".
Praia de Guriri (Foto: Fabricio Marvila/ A Gazeta - 29/03/2007)Praia de Guririfonte G1