G1



Imagens mostram mulheres em resgates, combate a incêndio e mergulho.
Projeto 'Bombeiras em Ação' é lançado no Dia Internacional da Mulher.


Um calendário com fotos de bombeiras trabalhando foi lançado para homenagear as profissionais do sexo feminino e lembrar o Dia Internacional da Mulher o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso. No calendário, chamado "Bombeiras em Ação", as fotos mostram várias das atividades desempenhadas pela bombeiras do estado e tem como objetivo desmistificar e esclarecer sobre a atuação das mulheres na corporação. Essa é a primeira iniciativa no estilo em todo o Brasil.
Em Mato Grosso são cerca de 70 bombeiras atuando em diversas áreas, como buscas e resgates em estruturas colapsadas, buscas e resgates com cães farejadores, combate a incêndio urbano e florestal, vistoria técnica, mergulho, salvamento aquático, em altura e veicular.  O estado ainda tem mais 15 mulheres que estão em formação.
"Muitas pessoas não sabem que existem bombeiras. O que nós queremos é mostrar um pouco das atividades que elas desempenham dentro da corporação e quebrar com aquela ideia que aquelas que trabalham com isso atuam apenas na parte administrativa, dentro dos escritórios. A partir do calendário queremos valorizar essas mulheres e incentivar outras a entrarem nessa profissão que é tão bonita", explica.A major Juciery Rodrigues Marques Costa, de 33 anos, é presidente da comissão do projeto Bombeiras em Ação e conta que a ideia do calendário é elucidar para as pessoas como as mulheres atuam nessa profissão composta majoritariamente por homens e ainda quebrar alguns preconceitos.
Juciery Rodrigues é a única mergulhadora do Corpo de Bombeiros e atua em operações de busca e salvamento em regiões de lagos e rios (Foto: Divulgação/ Corpo de Bombeiros-MT)Juciery Rodrigues é a única mergulhadora do Corpo de Bombeiros e atua em operações de busca e salvamento em regiões de lagos e rios (Foto: Divulgação/ Corpo de Bombeiros-MT)
Juciery é a única mergulhadora do Corpo de Bombeiros do estado e atua desde 2009 em operações de busca e salvamento em regiões de lagos e rios. Ela afirma que entrou no ramo por gostar de desafios e que a atividade é bastante perigosa porque "as águas de Mato Grosso são bem turvas e é muito difícil enxergar debaixo d'água".
A major relata que em um caso curioso e memorável acabou sendo perfurada por espinhos. "Eu mergulhei uma vez no Rio Cuiabá para realizar uma busca e não conseguia ver nada. Até que em um momento eu acabei dando de frente com uma palmeira cheia de espinhos. Tentei desviar, mas não consegui. Então acabei sendo furada por vários espinhos pequenos. Não foi grave, mas minha roupa ficou toda furada", lembra com bom humor.
A bombeira, que é natural de Estrela do Norte (GO), afirma que decidiu pela profissão após um vizinha comentar sobre um concurso que estava aberto. "Eu consegui entrar (no concurso) e me apaixonei pela atividade. Agora carrego isso na família, porque meu irmão mais novo também virou bombeiro", diz.
Bombeiras fazem o mesmo trabalho de campo que os homens (Foto: Divulgação/ Corpo de Bombeiros-MT)Bombeiras fazem o mesmo trabalho de campo que os homens (Foto: Divulgação/ Corpo de Bombeiros-MT)
A tenente Vanessa de Lima Melgarejo, de 23 anos, realiza trabalhos na área chamada de cinotecnia desde setembro do ano passado. Ela explica que a técnica consiste em resgates e buscas com o auxílio de cães farejadores.
"É uma atividade muito linda porque trabalha a união do ser humano com um cão. E existe um ganho de tempo enorme quando eles [cachorros] estão com a gente. Eu sempre amei cachorros, então para mim é um prazer enorme estar do lado deles também", conta.
A bombeira tem como companheira a labradora Sharon, de três anos. Ela é o único animal do estado que tem certificação para atuar em resgates e buscas de pessoas vivas e mortas em escombros e áreas rurais. A tenente auxilia o capitão do Corpo de Bombeiros Rafael Marcondes a treinar a cadela.
Sobre um dos casos que marcaram a sua memória, a tenente se lembra de uma história bem curiosa e emocionante.
"Geralmente a gente trabalha com perdas, mas dessa vez foi ao contrário. Tivemos um problema em um batalhão e fui chamada para ajudar. Quando já estava lá vi um bombeiro correndo e depois outro pedindo uma bolsa de primeiro socorros. Quando sai para ver tinha uma jovem de 15 anos dentro de um carro em frente ao batalhão dando à luz. Eu ajudei no parto e até realizei o corte do cordão umbilical", relembra.
Estado tem cerca de 70 bombeiras que atuam em diversas áreas como combate a incêndio urbano e florestal (Foto: Divulgação/ Corpo de Bombeiros-MT)Estado tem cerca de 70 bombeiras que atuam em diversas áreas como combate a incêndio urbano e florestal (Foto: Divulgação/ Corpo de Bombeiros-MT)
Vanessa nasceu em campo grande  e ressalta que, apesar de lidarem com momentos delicados, todos as bombeiras e bombeiros passam por diversos treinamentos para equilibrar o lado emocional. Ela conta que se formou na profissão no estado do Rio de Janeiro e que lá sentia um pouco de questionamento por ser mulher, situação que, segundo ela, não existe em Mato Grosso.
Sobre as dificuldades, a tenente defende que, independente do sexo, a atividade sempre traz desafios mas que ela, porém, já está acostumada com a correria e a loucura em relação aos horários. Resumindo a profissão, a bombeira argumenta que "enquanto as pessoas correm do sinistro, nós corremos na direção dele".