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 (Foto: conexaobombeiro.com.br)

Maníaco estuprava e, depois, queria conversar

Daniel Gonçalves Oliveira, de 26 anos, é suspeito de abusar de, ao menos, 13 mulheres em Poá
Durante o dia, Daniel Gonçalves Oliveira era um homem trabalhador que insistia, mesmo em ambientes inusitados, pregar a palavra de Deus. À noite, o brigadista de 26 anos se tornava um estuprador em série. 
Reconhecido por oito vítimas, ele pode ter abusado sexualmente de 13 mulheres em Poá, Suzano e Itaquaquecetuba, todos municípios da Grande São Paulo. Na terça (8), porém, a Polícia Civil de Poá deu fim às aventuras noturnas de Daniel.
Conhecido na cidade como Maníaco de Poá, o estuprador foi detido quando chegava em sua casa, em Itaquaquecetuba.  De acordo com investigadores e com a delegada Silmara Marcelino, Daniel abordava as vítimas depois das 22h, quando saía do trabalho. Primeiro, ele  anunciava um roubo, mas depois levava as mulheres para terrenos baldios e as estuprava.
    
Daniel ao chegar à delegacia de Poá, na terça, com um policial civil: ele foi preso temporariamente por 30 dias 
Uma das vítimas foi violentada em frente à mãe. Ele pegou as duas mulheres  quando elas chegavam em casa. Daniel ainda fazia suas presas rezarem e, depois, tentava conversar sobre os mais variados assuntos. 
Em Itaquaquecetuba, o algoz agiu com  seu próprio carro, um Chevrolet Monza marrom, por isso lá era chamado de Maníaco do Monza.  Três vítimas fizeram o reconhecimento pessoal, na terça, na delegacia. O delegado analisou 11 boletins de estupro com as mesmas características e está aguardando as mulheres confirmarem se o autor é, de fato, o suspeito preso.
Na casa do bombeiro civil a polícia apreendeu uma réplica de pistola nove milímetros, uma arma de choque, um coturno militar e uma jaqueta de uso exclusivo da  Polícia Militar.
Segundo a equipe de investigação, o retrato falado feito com a ajuda de uma das  vítimas foi fundamental para a captura, ontem. Os agentes conseguiram descrobrir o Facebook do suspeito e, depois, as mulheres estupradas fizeram o reconhecimento fotográfico.
Como as características físicas de Daniel batiam com a de outros boletins de ocorrências feitos em Suzano e Itaquaquecetuba, as vítimas também foram chamadas para fazer o reconhecimento ao vivo. 
"Ele nega todas as acusações, mas as vítimas o  reconheceram sem nenhuma dúvida.  É um homem frio que não demonstrou arrependimento", afirmou a delegada.
Maníaco usava seu Chevrolet Monza para atacar vítimas em Itaquá
Daniel violentou a vítima e a convidou para ir à igreja
Após os estupros e durante o percurso até o local escolhido para violentar sexualmente suas vítimas, o brigadista desempregado Daniel Gonçalves Oliveira mantinha um ritual macabro: ele conversava com as mulheres e, em alguns momentos, mesmo depois do crime,  falava de Deus.
Segundo investigadores de Poá, Daniel chegou a dizer para uma mulher que o "Senhor estava com ela". Para outra, afirmou que a tiraria do terreno porque o local  era perigoso. Ele deixou  a jovem  exatamente onde a raptou horas antes.
Para outra vítima,  perguntou se ela ia à igreja e a aconselhou a  frequentar o templo onde rezava. "Ele me abordou e queria dinheiro, mas eu estava apenas com uma "Bíblia". Durante o caminho, perguntou de qual igreja eu era", lembrou G. A., 53, que conseguiu escapar do estuprador porque um homem passou pelo local e desconfiou. Ela não foi abusada. 
Daniel é casado e tem uma filha de 3 anos.  Ele estava fazendo um curso para ser pastor e costumava fazer pregações no altar. Em sua página do Facebook,  há vários vídeos dele "pregando a palavra de Deus" na igreja. Fiéis foram às delegacias de Poá e Itaquaquecetuba, na terça, para defender o acusado.
Polícia recolheu jaqueta da PM, coturno militar e até arma de choque
Depoimento: C.L., 48 anos, vítima do maníaco de Poá
Todos os dias eu me  lembro daquela cena, tenho pesadelos e só choro. Eu nunca vou me esquecer. Sempre via casos de estupro na televisão e nunca imaginei que isso pudesse acontecer comigo. Meu pesadelo começou no dia 22 de dezembro do ano passado. Fui visitar minha irmã em Suzano e passei em um bar. Quando estava indo embora, já bêbada, admito, encontrei esse monstro. Ele viu o estado em que eu estava e disse que ia me pagar mais bebida. Então,  fui com ele, mas percebi que estava andando muito. Quis voltar, porém, aí o estuprador disse que estava armado. Ele me levou para um terreno e me violentou. Ainda deu um soco na minha cabeça porque eu me neguei a fazer sexo oral nele. Esse homem só parou de me estuprar porque um caminhão de lixo estava passando pelo local. Ele se assustou e correu, me deixando lá jogada. Eu não queria denunciar por vergonha, mas fiquei pensando em quantas mulheres passaram naquele lugar. Sinceramente só espero que esse homem apodreça na cadeia e pague pelo que fez.
Abuso sexual tem queda nos índices criminais
O secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, comemora, desde que assumiu a pasta, a queda de todos os indicadores criminais. No caso de estupros, a diminuição é ainda mais festejada. 
Em 2015, o índice caiu no estado 7,5% comparado a 2014. Foram 9.265 no ano passado, contra 10.026 nos 12 meses anteriores. 
Na capital, o recuo foi de 8,9%. Foram registrados 2.087 estupros em todo ano de 2015. Em 2014, o número foi de 2.292. Comparando janeiro deste ano com o mesmo mês do ano passado, a redução registrada foi de 7,1%.
Já na Grande São Paulo, local onde o maníaco de Poá agia, a diminuição foi de 7,5%. Em 2015 foram registrados 1.703 casos de violência sexual. No mesmo período de 2014, houve 1.919 crimes dessa natureza. Comparando somente os últimos meses de janeiro, a queda foi de 8,6%, com 138 ocorrências neste ano e 151 no mesmo mês de 2015.
Vítimas vão ter  cirurgia plástica de graça no SUS
As mulheres vítimas de violência física vão poder realizar cirurgias plásticas no SUS (Sistema Único de Saúde). A portaria que define as diretrizes para procedimentos reparadores de sequelas e lesões causadas por agressões foi assinada ontem pela presidente Dilma Rousseff. 
 "Trata-se de resgate da autoestima da mulher vítima de violência. Nada mais justo que a mulher tenha sua condição integral reparada, de forma que seu corpo não fique marcado nem deformado por uma violência completamente injustificada", afirmou Dilma.
A mulher vítima de violência grave que necessitar de cirurgia deverá procurar a Unidade Básica de Saúde ou unidade de saúde da família mais próxima para solicitar atendimento. É preciso o registro oficial de ocorrência da agressão, mas prontuários de atendimento assinados pelos profissionais médicos na primeira consulta são válidos, ou seja, não há necessidade de registrar  boletim de ocorrência, apesar de a orientação seja sempre oficializar a queixa para que o agressor possa ser investigado e punido.