Segundo dados da ONU. o Chile é país com o terceiro maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) das Américas, ficando atrás apenas do Canadá e Estados Unidos.
Chama atenção ao fato do Chile ser talvez o único país do mundo onde nenhum bombeiro recebe salário, pois são todos voluntários.
Certamente o Chile é um exemplo que merece ser estudado. Afinal espiar o vizinho não faz mal algum...
Ser bombeiro no Chile não é tarefa simples, o país possui uma geografia bastante incomum, com extensa latitude e clima bastante diverso. Está localizado sobre uma placa tectonica ativa que atormenta o país com intensos terremotos e tsunamis. Lá foi registrado o maior tremor da história do planeta, em 1960, que atingiu 9.5 graus.
O Chile, contudo, possui um eficiente Sistema Nacional de Emergência que é modelo de referência mundial e motivo de orgulho para todos os seus cidadãos.
Bombeiros Voluntários do Chile
O sistema Chileno se originou pela necessidade. No século 19, após um incêndio na Cidade de Valparaíso, que despertou na sociedade a importância de se organizar para enfrentar o perigo do fogo. A comunidade, com apoio das autoridades, convocou voluntários, adquiriu equipamentos, se capacitou com treinamentos e assim, com um espírito de fraternidade e dever a cumprir, o primeiro corpo de bombeiros no Chile oficialmente iniciou suas operações em 30 de junho de 1850. Com quatro companhias voluntárias.

Existem hoje cerca de 40 mil bombeiros voluntários no Chile. É mais ou menos a metade do efetivo de bombeiros do Brasil, estimado em 100 mil bombeiros. Mas levando em conta que a população do Chile é de somente 18 milhões de habitantes, enquanto que e a do Brasil ultrapassa 200 milhões. Conclui-se que no Chile existem 2,2 Bombeiros para cada mil habitantes, já no Brasil essa razão despenca para menos de 0,5 bombeiro por mil habitantes. 
A eficiência dos Serviços de Emergência Chilenos é inquestionável. O terremoto de 8.8 graus que atingiu o Chile em 2010 e ceifou a vida de 800 pessoas é um exemplo de como o País está preparado para enfrentar e responder a catástrofes. Somente a título de comparação, naquele mesmo ano um terremoto de menor escala, 7 graus, matou entre 100 mil a 200 mil pessoas no Haiti. 
Outro exemplo impressionante foi o resgate dos 33 mineiros da mina de San José em 2010, que ficaram soterrados por várias semanas em uma profundidade de quase 700 metros. A complexidade dessa operação sem precedentes e a mobilização incondicional de voluntários e especialistas de vários países foi um fator marcante que despertou a atenção dos noticiários do mundo inteiro.
Para apoiar as estruturas de bombeiros chilenas, o Governo e a comunidade costumam dar alguma ajuda financeira, porém todos os voluntários precisam ter um emprego fixo para garantir a sua renda. Apesar dos bombeiros chilenos não possuírem nenhum tipo de remuneração pecuniária por seus serviços, eles porém gozam de alguns benefícios como seguro de vida e assistência médica em caso de acidentes ou enfermidades contraídas durante o exercício do seu trabalho voluntário.
O resgate dos 33 mineiros no incidente da mina San Jose em 2010 Cada Corpo de Bombeiro Chileno é uma organização privada sem fins lucrativos, com personalidade jurídica e estatuto próprio.
Essas organizações são bem diversas devido a variação dos tipos de emergências que são demandados pelas comunidades que atendem.
Diferente do regime militar dos Corpos de Bombeiros Brasileiros, que são subordinados às polícias militares estaduais. Os Corpos de Bombeiros do Chile são organizados com base em dois princípios fundamentais; por um lado a democracia, que garante que todos os cargos de direção sejam legitimados pelo voto direto dos seus membros, e a hierarquia, necessária para atender às duras exigências dos serviços de emergência.
Já no Brasil o comando do Corpo de Bombeiros é exercido por um oficial militar indicado pelo governo estadual por meio de um processo politico.
No final dos anos 60, foi criada uma estrutura nacional para coordenar os esforços conjuntos. Inicialmente chamada de “Junta Nacional de Cuerpos de Bomberos de Chile”, essa estrutura logo passou a ser conhecida simplesmente como “Bombeiros de Chile”. 
Jovens Bombeiros
O objetivo dessa estrutura nacional é desenvolver um serviço de bombeiros voluntário eficiente, que garanta a segurança da vida e das propriedades dos cidadãos contra incêndios, desastres naturais, acidentes de carros, ocorrências com materiais perigosos e demais emergências. O processo contínuo de treinamento e capacitação dos Bomberos de Chile se concretizou com a criação da "Academia Nacional de Bomberos", com treze sedes regionais, dedicadas ao ensino, pesquisa e capacitação.
Os Bomberos de Chile também participam de atividades de promoção da segurança pública, programas sociais direcionados a prevenção a incêndios, projetos de governo para a rede de voluntários e a capacitação de bombeiros a nível internacional.
O processo de gestão dos bombeiros chilenos se dá por uma “eleição Democrática” cujo mandado dura 2 anos, podendo haver reeleição. Nessas eleições são escolhidos os representantes do seu “Diretório Nacional” que devem ser bombeiros voluntários.
Resgate Veicular no chile é célula básica dos Bombeiros do Chile são as "Compañías", existem cerca de 1.100 em todo o país. Em uma comunidade pequena existe geralmente uma "Compañía", porém nas cidades maiores podem haver várias "Compañías".
O Sistema de APH Chileno adota o conceito norte americano da "Golden Hour" ou "Hora Dorada". Que se baseia no princípio de que quanto mais rápido o paciente receber o tratamento mais adequado para as suas lesões, maiores serão as suas chances de sobrevida.
Equipe de USAR Chilena Algumas unidades do “Sistema Nacional de Operaciones” do Chile são referencias mundiais. Um exemplo disso são as unidades de USAR (Urban Search and Rescue).
O Chile ocupa hoje a vice presidência da rede mundial INSARAG (International Search and Rescue Advisory Group), não é a toa que muitos bombeiros brasileiros realizam treinamentos de USAR no Chile.
Um fato curioso é que em 2014, uma promotora de um programa das Nações Unidas sugeriu que os Bombeiros Chilenos passassem a receber remuneração. Os primeiros a se colocar contrários a essa ideia foram os próprios bombeiros Chilenos.
“Não necessitamos de salário” disse na época Sergio Albomos, da Junta Nacional de Bombeiros. “Quando você desenvolve uma atividade por amor, e não com expectativa de ganhos, certamente irá fazer muito melhor". "O que vão pagar para mim, prefiro que destinem para a formação do nosso povo, compra de equipamentos e renovação das viaturas” argumentou Juan Enrique Julio, superintendente do Cuerpo de Bombeiros de Santiago
Juan Enrique Julio, superintendente do Cuerpo de Bombeiros de Santiago.